Quando eu estava na Universidade cursando istração Pública, tive um professor na área de tecnologia que sempre frisava que não é a sociedade que tem que se adaptar às tecnologias, mas sim, que nós que temos que planejar soluções para o cidadão.
Pode até parecer óbvio, mas nesse mundo repleto de soluções tecnológicas, percebo muitas vezes a falta de sensibilidade das empresas no ciclo de vida do cidadão.
Explique-se:
Dentro de uma lógica razoável, o ser humano nasce, tem uma infância, adolescência, vira adulto e idoso. Dentro de cada fase, uma série de fatos ocorrem e alguns são mapeáveis. Por exemplo: a criança nasceu, ela ganha uma certidão de nascimento e um F. Logo terá um cartão do SUS e um endereço. A criança cresceu: ganha uma matrícula na escola, já tem uma série de vacinas em sua carteirinha e começa a circular em um grupo social. Virou adolescente, vem o preparo para a profissão, chega o ENEM, se apresentar ao serviço militar, tirar carteira de motorista, ter o primeiro estágio e ampliar a interação social. Na vida adulta, aí são tantas as possibilidades que o artigo deveria focar apenas aqui. Ao envelhecer, uma série de necessidades surgem e o ciclo vai se encerrando.
Mas o que isso tem a ver com tecnologia?
Quem planeja soluções para a istração pública PRECISA ter ciência deste ciclo. Ferramentas de gestão pública servem para FACILITAR o ciclo de vida do cidadão. Qualquer coisa além disso, estamos diante de outros objetivos. O software requer influenciar positivamente na vida do cidadão em alguma das fases do ciclo de vida dele, principalmente se antecipando a cada uma delas. Como uma mãe recente que sou, percebo mais nitidamente aquela frase lá do meu Professor que ouvi em 2008, pois a cada obrigação que tenho para com meu filho, percebo que preciso desbravar um mar de burocracias para entender a lógica que preciso seguir. Após ter o bebê, quais as próximas etapas? E aí segue uma lista interminável e sei que ela se estenderá até quando meu filho se tornar independente.
Então, quando pensarmos em implantar qualquer tecnologia, vamos refletir em como isso está melhorando a vida das pessoas. E isso vai além de tecnologia que atende DIRETAMENTE o cidadão; se amplia nas soluções MEIO. Se a serve para tornar o serviço mais eficiente ou para torná-lo mais transparente, esta solução está afetando positivamente a vida do cidadão. A reflexão é profunda, mas altamente recomendável. Que não percamos de vista nossos objetivos quando nos envolvemos com a gestão pública: a vida do cidadão.
Foto: Ilustração (Imagem de Vidmir Raic por Pixabay)
Cristina Schwinden* Graduada em istração Pública ESAG/UDESC. Mestre em istração UFSC. Secretária de Concessões e Parcerias da Prefeitura Municipal de Palhoça/SC.